SETEMBRO, MÊS DA BÍBLIA
A Igreja Católica comemora em setembro o mês dedicado a Palavra de Deus. Tive meu primeiro contato com Ela (Bíblia) quando era uma jovem adulta de 20 anos, e me apaixonei inteiramente por Ela. Passados 33 anos, continua esta paixão que me faz íntima da Palavra de Deus meditada e vivida diariamente.
O que mais me encantou, e ainda hoje me surpreende, é como Ela fala comigo. Naqueles idos de 1983, quando abria a Palavra e era aleatoriamente, os versículos lidos trocavam comigo, respondiam minhas indagações, davam-me esperança e me ensinavam no dia a dia. A primeira Epístola de São João era a que mais me chamava a atenção. Deus me chamava de “filhinha” e como tinha uma relação intensa com meu pai terreno, este termo me acalentava o coração, como em I Jo 2,1: “Filhinhos meus, isto vos escrevo para que não pequeis. Mas, se alguém pecar, temos um intercessor junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo”.
No decorrer dos anos fui aprendendo a correlacionar o Antigo Testamento ao Novo e ver que toda a história do povo de Deus culminou com a vinda de Jesus, e os muitos retiros e cursos que fiz traziam um desvendamento de Palavras antes não compreendidas. Meu conhecimento me levou a ensinar através da catequese e hoje dos cursos bíblicos e do catecismo na Comunidade Bom Pastor, e vejo o despertar para a Palavra naqueles que lá passam e muito mais naqueles que se tornam “filhos da comunidade”.
Muitas foram as meditações da Palavra que me levaram as lágrimas diante da verdade de Deus expressa na Liturgia, lágrimas de emoção diante de um Deus que ama sem limite e me ensina de forma tão clara através da Bíblia. Através destas experiências profundas foram tomadas decisões de mudança de rumo, de emprego, impulsos de evangelizar e de buscar uma vida de santidade, como diz em Tg 1,22: “Sede cumpridores da Palavra e não apenas ouvintes; isto equivaleria a vos enganardes a vós mesmos.”
Muitos santos e santas tiveram sua experiência com a Palavra de Deus e transformaram suas vidas em serviço e doação a Igreja e ao próximo, como Santo Agostinho: “De repente ouvi a voz de uma criança que cantava: “toma e lê!, toma e lê!” Entendi que era Deus quem me convidava a abrir a Bíblia que segurava entre as mãos. Apressei-me a ler o texto que tinha diante de meus olhos: “Nada de rixas e ciúmes, mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo”. ( Confissões)
A Igreja é a fiel depositária da interpretação da Palavra de Deus através do seu Magistério e da Tradição como diz o Papa Francisco: “a interpretação das escrituras não pode ser apenas um esforço intelectual individual, mas deve ser sempre confrontado, inserido e autenticado pela tradição viva da Igreja”.
Para concluir, sito o Catecismo da Igreja Católica nº 2835: “O homem não vive apenas de pão, mas de tudo aquilo que procede da boca de Deus” (Mt 4,4), isto é, sua Palavra e seu sopro. Os cristãos devem envidar todos os seus esforços para anunciar o Evangelho aos pobres. Há uma fome na terra, “Não fome de pão, nem sede de água, mas de ouvir a Palavra de Deus” (Am 8,11).
Denise M. P. Safanelli – Fundadora da Comunidade Bom Pastor