ALIANÇA DE MISERICÓRDIA!
“Deus enviou seu Filho ao mundo para que o mundo seja salvo por Ele”! (Jo 3, 17)
Gostamos de pensar no Amor do Pai como uma fonte inesgotável de água pura, cristalina que jorra sem cessar seu Amor de forma incondicional, plena, infinita e gratuita. Os padres chegam a representar nesta imagem, o mistério de Deus Pai, e Espírito Santo, Trindade de Amor e Misericórdia infinita. Eles vêem o Pai como esta fonte de água pura, fonte e origem eterna do Amor infinito. Enxergam o Filho como o rio que desta fonte nasce e que descendo, nos alcança, sem cansar, até o fundo do abismo da nossa miséria. Visualizam o Espírito Santo como a água, o mar imenso do Amor do Pai, no qual somos mergulhados, fecundados, regenerados: “Considerai o Pai como fonte de vida; O Filho com rio que nasce; O Espírito Santo como mar, pois a fonte, o rio e o mar tem a mesma natureza”. (São João Damasceno)
Toda a Bíblia, toda a história da salvação é a história do Amor de Deus que sempre nos “precede”, é a história da nossa miséria, do nosso pecado e das nossas contínuas inumeráveis intervenções do Amor Misericordioso do Pai, que não cansa de nos perdoar. É em Jesus, porém, que se manifesta o culme deste Amor, a plenitude desta aliança de misericórdia, a realização da Promessa: “De fato, Deus amou tanto o mundo que deu o seu Filho único para que todo que Nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. Pois Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele”. (Jo 3, 16-17).
Papa Francisco nos lembra de que “Deus nunca cansa de nos perdoar, nós é que cansamos de pedir Sua Misericórdia”. O Papa chega a “inventar” um termo belíssimo para expressar esta caraterística do Amor do Senhor que sempre nos precede, ele diz: “Jesus nos procurou primeiro… Ele é o primeiro, sempre. Ele nos “primeireia”. Quando nós chegamos, Ele já chegou à espera por nós”. (31 Jul 2013).
Olhando para o Cristo, manifestação encarnada do Amor do Pai, o termo que, a nosso ver, melhor expressa este Amor é o seu “abaixamento”, o descer de Cristo até o abismo da nossa miséria. De fato, Jesus “desceu até o inferno” para livrar-nos do inferno que nosso pecado merecia. Desceu do céu no seio de uma criatura, assumindo a limitação da carne, da história, cultura, tempo, espaço, assumindo nossas enfermidades, iniqüidades, pecados, condenação, carregando no seu corpo nossas misérias e nossas chagas. (Is 53,1s). Desceu numa gruta, nasceu no meio de animais, numa manjedoura, fez-se menos que gente “sou verme e não homem” (Sl 21,7). Na Eucaristia, Ele se fez alimento para nós, para nos tornar filhos de Deus. “Desceu para Nazaré e era-lhes submisso” (Lc 2, 51). Desceu no meio de pecadores no rio Jordão para ser batizado, desceu no meio dos excluídos, impuros, leprosos, endemoniados, doentes… Fez-se servo e escravo dos seus próprios discípulos se abaixando para lavar-lhes os pés… Só subiu na Cruz, onde no culme do abandono, do desprezo, da dor, manifestou-se como Misericórdia “Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem!” (Lc 23, 34).Olhando pra Cruz, podemos sentir que Ele nos diz como para Santa Gertrudes: “Veja meu corpo, veja minhas chagas, meus membros esticados pregados na Cruz! Tenha certeza de que se necessário fosse, eu voltaria a nascer e a morrer só para salvar-te”.
Marinês M. Moretti – amiga da Comunidade Bom Pastor.