A NOSSA MISSÃO É MISERICÓRDIA!
No imenso tesouro do Evangelho, a misericórdia é como uma joia preciosa: sólida e delicada ao mesmo tempo, verdadeira e transparente na sua imensa beleza. Compaixão, solidariedade, ternura e perdão são como ângulos de polimento, por onde se reflete o amor regenerador de Deus.
Para mim nesta quaresma, a misericórdia de Deus se traduz em resgate, cura, abrigo, libertação, sustento, proteção, acolhida, generosidade e salvação. Antiga e sempre nova, a misericórdia de Deus se pode entender em outras palavras sob três pontos: bem-aventurança, profecia e terapia. Como bem-aventurança, a misericórdia aproxima o Reino de Deus das pessoas, e as pessoas do Reino. É prática que dignifica o ser humano: tanto quem a dá, quanto quem recebe. Está repleta de gratuidade e alegria, como disse Jesus: “Felizes os misericordiosos, pois alcançarão misericórdia” (Mt 5,7). As obras de misericórdia são também profecias de justiça do Reino, que supera toda fronteira de raça, credo e ideologia: diante da humanidade ferida e carente, somo servidores da vida e da esperança, dentro e fora da Igreja, para crentes e não crentes, afim de que “todos tenham vida e vida em abundância” (Jo 10, 10).
Jesus nos indicou o exemplo do bom samaritano para mostrar a todos que a misericórdia não aceita fronteiras! Enfim, a misericórdia é também terapia: compaixão que restaura, toque que regenera e cuidado que aquece. As obras de misericórdia tem eficácia curadora: socorrem nossa humanidade ferida pelo pecado e pelo desamor, restaurando em nós a imagem do Cristo glorioso. A misericórdia te caráter operativo: é amor em exercício da salvação. Se o amor é a qualidade essencial de Deus, a misericórdia é este mesmo amor exercitado para com a criatura humana, revelando a qualidade ativa de Deus. Assim, a misericórdia se mostra muito mais na experiência do dia a dia, do que na conceituação teológica, catequética ou espiritual. E ainda que tal experiência se revista de beleza, o lar da misericórdia não é o discurso e nem explicações. Porque as crianças abandonadas, os andarilhos e os excluídos da sociedade não comem explicações. O lar da misericórdia é a solidariedade. Seu órgão vital é o coração e as mãos: erguem o caído, curam o ferido, abraçam o peregrino, alimentam o faminto. A misericórdia que Deus exige de nós não é outra senão a evangélica, dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem sede, acolher o peregrino, vestir quem está nu, visitar os doentes e assistir aos prisioneiros e sepultar dignamente os mortos. “Em verdade vos digo: cada vez que o fizestes isto a um desses meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes”(Mt 25,40).Que gestos temos feito para que as pessoas nos reconheçam como discípulos de Jesus? Os gestos alimentam, curam e restauram! Anossa missão é a prática da misericórdia para com o irmão: “Vai e faze o mesmo!”
JESUS, MEU SENHOR E MEU DEUS, MISERICÓRDIA! – Marinês M. Moretti