Segunda Regra para os chamados a vida Consagrada na Comunidade Bom Pastor
A segunda regra que os consagrados ao Carisma da Comunidade Bom Pastor são chamados a viver é: “Ter e defender a vida”.
Ter a vida: “ Ponho diante de ti a vida e a morte…escolhe pois a vida” (Dt 30, 19)
A vida e a água
O próprio território onde está a sede da Comunidade Bom Pastor exalta a vida, é uma confirmação do nosso Carisma. Temos uma cachoeira em nosso solo – água lembra vida. Esta realidade nos recorda que somos gerados na água, no útero materno. Somos regenerados na água do Batismo e somos restaurados pela “água” de nosso Carisma ( Sl 22, 2-3). Esta passagem do Salmo que não deixa de ser uma extensão da nossa página do Evangelho, esclarece que a vida que defendemos vai além da vida corporal e material, nosso Carisma está a serviço da vida eterna: “Restaura as forças de minha alma” (Sl 22, 3). Toda a nossa missão de evangelização restaura as forças da alma: Estudo Bíblico e CIC, a catequese para adultos, o aconselhamento, a intercessão e a cura interior. A nossa ferramenta é a “palavra” e a “Palavra”. Contamos com o auxílio do Espírito Santo – no dia que recebemos o sinal da consagração, a Cruz com o cajado; a Liturgia deste dizia: “ Com efeito, não sereis vós que havereis de falar, mas sim o Espírito de vosso Pai é que falará através de vós” (Mt 10, 20).
A vida, a Palavra e o silêncio
Através da Palavra é que o mundo ganhou vida – “Faça-se” ( Gn 01) e que o homem ganhou vida – “Façamos” (Gn 01). E é através da Palavra é que somos treinados e fortalecidos em nossa vida para assim estarmos dispostos para o resgate de nossos irmãos(ãs) que nos busca. Só nos conheceremos através da Palavra, é o que diz Bento XVI: “ Portanto, feitos a imagem e semelhança de Deus amor, só nos podemos compreender a nós mesmos no acolhimento do Verbo e na docilidade à obra do Espírito Santo. È a luz da revelação feita pelo Verbo divino que se esclarece definitivamente o enigma da condição humana”. (DV 6). Daí a importância da obediência do consagrado na Lectio divina diária.
A palavra é instrumento que gera vida em nós e em nossos irmãos. A palavra constrói mas também destrói se não tivermos nossa língua adestrada pelo silêncio. O silêncio gera vida. Os momentos de silencia na oração e adoração comunitária e os retiros de silêncio, nos capacita para usarmos a palavra com discernimento e sabedoria.
Como recebemos de nosso Carisma a água pura e “refrescante que restaura a força” (Sl 22,2) de nossa alma; é prudente nos afastarmos das fontes de águas turvas, das palavras que servem a cultura da morte. Neste sentido o Evangelho nos traz o exemplo daquele possesso na sinagoga que Jesus libertou (Lc 4,35). Aquele homem possesso, mesmo freqüentando a sinagoga e ouvindo a Palavra de Deus, permanecia necessitado de libertação.
A palavra vida e verdade se repetem quatro vezes na nossa página do Evangelho em Jo 10. São as quatro colunas de nossa missão. “A verdade está a serviço da vida e a vida está a serviço da verdade”.
A morte que gera a vida
As experiências fecundas da morte que gera a vida. A fundadora passou por várias experiências de morte de renúncias que geraram a vida para a obra, o chamado de Deus. Primeiro foi chamada a renunciar o trabalho na Ação Social. Passou pela experiencial pessoal e familiar da doença do corpo, a luta contra o câncer. A co-fundadora também passou pela experiência de morte e de renuncias que geram a vida. Vivenciou no matrimônio a doença e a morte do esposo e renunciou a vida profissional para servir a Igreja. A fundadora e os co-fundadores passaram e continuarão passando pela experiência de renunciar a si mesma, tomar a cruz a cada dia e seguir a Cristo (Mt 16, 24-26).
Sabemos o quanto uma pessoa ama uma causa ou pessoa pelo tempo que ela se dedica para aquilo que ama. Então o investimento do tempo também faz parte da morte e da renuncia. Vimos da fundadora e co-fundadores entregando o seu tempo para Deus – renunciando e sacrificando muitas vezes o descanso e a vida familiar para resgatar e conquistar almas para o Bom Pastor. Nos dez anos de Comunidade o Bom Pastor revelou o quanto tem cuidado do corpo físico dos membros da Comunidade e dos que buscam oração. Testemunhamos diversas curas e até mesmo milagres em nosso meio. O Carisma Bom Pastor nos dá a autoridade da cura e do milagre, também no que diz respeito ao corpo.
A vida, a criança e a família
“De nascimento a nascimento Jesus chega até nós” ( Filme – Homens e deuses. Formação dez. 2012). Desde a fundação da Comunidade Bom Pastor, todos os anos nascem crianças em nossa Comunidade. Todos os anos temos gestantes em nosso meio. É a profecia da fecundidade, da verdadeira vida em abundância. A nossa santa baluarte – Gianna nos conduz a defender a vida humana desde a concepção.
Jesus Bom Pastor nos concede a autoridade para defender também os mananciais da vida humana, onde a vida “brota”, que é a fecundidade do corpo do homem e da mulher. Por isso rejeitamos toda espécie de contracepção: Anticoncepcional, camisinha, DIU, laqueadura, vasectomia, hormônios contraceptivo. Defendemos a gestação natural e o parto natural. Pois existe um chamado a redenção da mulher também pelo parto normal (Gn 2, 16). O chamado a defesa a vida envolve o chamado a defender a sexualidade natural no namoro que envolve a castidade e no matrimônio a entrega dos esposos um ao outro na totalidade e fidelidade. Defendemos a família natural e o matrimônio entre um homem e uma mulher, como lugar escolhido por Deus para gerar a vida. Temos a Sagrada Família em nosso solo que confirma esta profecia da defesa da família – Jesus eucarístico, em nossa capela. A gruta de Nossa Senhora das Graças e o oratório de São José. “Jesus, Maria e José, nossa família vossa é”. Formamos e preparamos as mulheres de nosso tempo a permanecerem com seus filhos. Ajudamos a descobrir a importância e o valor da maternidade como missão para formar filhos para a pátria celeste.
CLEONICE KAMER – Consagrada da Comunidade Bom Pastor